
Um número crescente de diagnósticos reacende o debate sobre a inclusão e o suporte a pessoas com TEA no país.
Rio de Janeiro, 20/03/2025 – O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), tem ganhado cada vez mais visibilidade no Brasil. Embora parte desse aumento possa ser atribuída à maior conscientização e aprimoramento dos critérios diagnósticos, especialistas alertam para a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para atender às necessidades de uma população em crescimento.
Números em Ascensão:
Não existem dados oficiais consolidados sobre a prevalência do autismo no Brasil, o que dificulta o planejamento de ações efetivas. No entanto, estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para que 1% da população mundial esteja dentro do espectro autista. Projeções baseadas nessa estimativa indicam que o Brasil poderia ter mais de 2 milhões de pessoas com TEA.
O que se observa, de fato, é um aumento significativo na procura por diagnóstico, principalmente entre crianças. Clínicas e centros especializados em todo o país relatam um volume crescente de atendimentos e listas de espera cada vez maiores.
“Há alguns anos, o autismo era um diagnóstico raro. Hoje, vemos um número muito maior de casos, o que exige uma mudança na forma como a sociedade e o governo lidam com a questão”, afirma Dra. Ana Paula Silva, neuropediatra e especialista em TEA.
Desafios e Barreiras:
Apesar do avanço na conscientização, pessoas com TEA e suas famílias ainda enfrentam inúmeros desafios no Brasil:
- Diagnóstico tardio: A falta de informação e a dificuldade de acesso a profissionais especializados muitas vezes atrasam o diagnóstico, o que impacta negativamente no desenvolvimento da criança.
- Falta de acesso a serviços: Poucas escolas e centros de saúde estão preparados para atender às necessidades específicas de pessoas com TEA.
- Preconceito e discriminação: A falta de compreensão sobre o autismo leva a preconceitos e dificulta a inclusão em diversos ambientes, como escolas, empresas e espaços públicos.
- Custos elevados: Terapias e acompanhamentos multidisciplinares podem ser caros, o que dificulta o acesso para famílias de baixa renda.
A Urgência de Políticas Públicas:
Diante desse cenário, a criação e implementação de políticas públicas eficazes se tornam cruciais. É necessário investir em:
- Capacitação de profissionais: É fundamental que profissionais da saúde, educação e assistência social recebam treinamento adequado para identificar e atender às necessidades de pessoas com TEA.
- Ampliação do acesso a serviços: É preciso ampliar a oferta de serviços de diagnóstico, tratamento e acompanhamento em todo o país, garantindo que famílias de todas as regiões tenham acesso a esses serviços.
- Inclusão escolar: As escolas precisam estar preparadas para receber alunos com TEA, oferecendo um ambiente inclusivo e adaptado às suas necessidades.
- Incentivo à pesquisa: É necessário investir em pesquisas sobre o autismo para entender melhor suas causas, desenvolver novas terapias e aprimorar os métodos de diagnóstico.
- Combate ao preconceito: Campanhas de conscientização são importantes para desmistificar o autismo e promover a inclusão social.
O Futuro:
O aumento do número de diagnósticos de autismo no Brasil é um alerta para a necessidade de ações urgentes. É preciso que o governo, a sociedade civil e as famílias se unam para garantir que pessoas com TEA tenham acesso a uma vida digna, com oportunidades de desenvolvimento, inclusão e participação social.
Ainda há muito a ser feito, mas o primeiro passo é reconhecer a importância da questão e trabalhar juntos para construir um futuro mais inclusivo e acolhedor para todos.